A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, julho 02, 2007





Semiópticas
O português pode viver sem roubar?!

* Rui Santos

Custa muito dinheiro levar uma vida séria. O País real (tomado de assalto) é aquele onde se paga muito e pouco se recebe.
A reforma da Segurança Social abre os horizontes aos portugueses? O último estudo da OCDE, revelado antes da entrada em vigor dos pressupostos que lhe estão subjacentes, não é nada animador: o valor das pensões em Portugal deverá descer, em média, mais de 40% em relação às expectativas geradas antes da consumação deste acto governamental. Com o aumento da idade da reforma e as novas regras de cálculo, Portugal será dos países mais afectados, com as pensões a descer de forma preocupante. Estas alterações garantem ‘um maior nível de sustentabilidade’ e são apontadas comparações com outros países (as percentagens do PIB para cobrir responsabilidades com pensões).
A OCDE ressalva ainda que Portugal continua a ser um dos únicos três países da organização que permite reformas antecipadas por inteiro antes dos 60 anos – desde que o trabalhador some 40 anos de contribuições.
Primeiro ponto: para o trabalhador somar 40 anos de contribuições antes da idade de reforma (e ninguém se aposenta um mês antes ou muito à beira da idade limite) é preciso abandonar os estudos muito cedo.
Segundo ponto: o mercado de trabalho é cada vez mais precário, os jovens agarram-se à primeira oportunidade que se lhes depara (mesmo à margem daquilo que estudaram) e os ordenados são baixos, muito baixos mesmo.
O português que nunca roubou para ter uma vida melhor e se tem a ‘sorte’ de estar empregado sonha com três coisas: casa própria, automóvel e dinheiro para as férias. Normalmente isso custa-lhe uma fortuna em juros bancários.
Aos portugueses pede-se-lhes que apertem o cinto. Bateladas de impostos. Nenhum sistema social aguenta a bagunçada que, a este nível, do ponto de vista das fugas, estava instalada. Portugal vive um drama: o Governo de Sócrates está a fazer com que o povo pague, de repente, a factura de anos de irresponsabilidade política. A balbúrdia transformou-se num assalto.
Somos dos países do Mundo que mais paga imposto automóvel, gasolina e, por exemplo, electricidade. Ao nível das telecomunicações, a PT papa tudo, até as chamadas de reclamação para serviços mal prestados.
Este é um País de grandes negociatas que não olha nem para os velhos nem para as crianças.
Apetece citar Émile Zola: ‘que patifes, as pessoas honestas!’

Rui Santos, jornalista (ruimmsantos@netcabo.pt)

in Correio da Manhã 2007-07-01

Sobre Émile Zola ver:

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Zola

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