A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, julho 02, 2007


Terra em risco
Subida do mar está a ameaçar civilização
* João Saramago Com P.H.G. / Miguel Azevedo
Cientistas acreditam que a Humanidade está em perigo devido ao aumento do nível do mar. Cem milhões de pessoas vivem em zonas que poderão ficar submersas se entretanto os países nada fizerem para o evitar.
Aumenta o número de especialistas que questionam as projecções das Nações Unidas sobre um aumento do nível dos oceanos em meio metro até 2100. Cientistas de reputadas instituições dos Estados Unidos alertam que é a própria civilização que está em perigo perante uma subida do mar, que poderá atingir os seis metros.
Em Portugal, o Atlântico sobe em média dois milímetros por ano, o que se traduz num avanço de um metro sobre a costa. Mas na Costa de Caparica, Vagueira e Esmoriz a força das águas engoliu dez metros de praia. Dos 750 quilómetros da costa do continente, segundo o relatório da Comissão Europeia ‘Viver com a Erosão do Litoral na Europa’, o avanço do mar atinge um terço. Mas as projecções são piores, pois 67 por cento da costa corre sérios riscos de erosão, segundo o relatório ‘Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação’.
Por Portugal continental ter uma costa pouco recortada por enseadas, e por isso mais exposta ao mar, o relatório da Comissão Europeia estima que é mais susceptível a sofrer danos resultantes das marés vivas do que países banhados por mares interiores, como a Suécia, Itália ou Grécia.
PERIGO IMINENTE
O oceanógrafo australiano John Church acredita no “perigo iminente de os gelos da Antárctida e da Gronelândia se aproximarem de um degelo irreversível, fenómeno que levará à subida do mar em vários metros”. O investigador lembra que há cem mil anos os mares eram quatro a seis metros mais elevados, quando as temperaturas atingiam mais quatro graus do que hoje. Segundo as Nações Unidas, o Globo irá aquecer quatro graus até ao final do século, pelo que o australiano pensa que a subida do mar poderá atingir os seis metros. Outro cientista australiano, John Hunter, explica que por cada metro adicional no nível dos oceanos há um recuo de cem metros na linha das praias e lembra que cem milhões de pessoas vivem a menos de um metro do nível do mar.Investigadores norte-americanos publicaram agora na revista científica ‘Philosophical Transactions’ um relatório de 29 páginas que dá razão ao trabalho dos australianos. O trabalho coordenado por James Hansen, director do Instituto God-dard de Estudos Espaciais da NASA, alerta que a Humanidade não pode permitir a queima das reservas subterrâneas de combustíveis, pois ao fazê-lo terá “um Planeta diferente do que serviu de suporte à civilização”.
Hansen, que trabalhou com investigadores das Universidade da Califórnia e Columbia (Nova Iorque), alerta ainda que o Homem só tem dez anos para aplicar duras medidas para reduzir a poluição e assim evitar o aquecimento global e consequente subida dos mares.
"OCEANO SUBIU 15 CENTÍMETROS"
(José Carlos Ferreira, professor universitário)
- CM – Como pode a subida dos oceanos atingir Portugal?
- José Carlos Ferreira – Portugal, como país costeiro, está naturalmente mais vulnerável a eventuais mudanças. Os estudos mais recentes indicam que no século XX ocorreu uma elevação do nível médio do mar na ordem dos 1,5mm/ano, ou seja, 15cm num século.
- Quais as zonas mais sensíveis?
- Todo o litoral(continente e ilhas) encontra-se vulnerável. No entanto, as costas arenosas e baixas, lagoas costeiras e estuários têm maior risco, bem como as áreas actualmente sob maior efeito de erosão. A título de exemplo: Espinho, Vagueira e Costa de Caparica.
- Como uma subida de centímetros em décadas pode ter consequências tão nefastas?- Esta subida pode associar-se a um agravamento de fenómenos meteorológicos como os temporais, aumentando a capacidade destrutiva deste fenómeno: aumento de erosão, galgamento oceânico, inundações, destruição de obras de defesa e património natural, entre outros.
"É PRECISO SENSIBILIZAR"
(Viviane, ex-vocalista dos entre aspas, vai actuar no Pavilhão Atlântico no dia 7 de Julho)
Correio da Manhã – Em que altura despertou para os problemas ambientais?
- Viviane – Sempre fui muito ligada à natureza. Desde miúda que sou muito sensível, por exemplo, às questões da poluição. Em vinte anos o ambiente alterou-se drasticamente. E isso tem de ser entendido como sinal de alarme. Todos temos de compreender que a economia está por detrás de tudo. A indústria gerou um consumismo desenfreado que é um dos males da sociedade.
- Como procura contribuir para o ambiente?
- Conheço a cidade e o campo e acredito que as pessoas que vivem na cidade não têm tanto a noção dos problemas ambientais, pois não percebem como sofre a agricultura. Actualmente moro no campo e vejo a preocupação dos meus vizinhos quando não chove. No que me toca, faço a reciclagem de todo o lixo, até do orgânico, e tento ao máximo poupar água e energia.
- Na sua lista de preocupações ambientais, que lugar ocupa a poluição sonora?
- De uma maneira geral, as cidades são afectadas pelo barulho agressivo dos automóveis e das motorizadas. O stress das pessoas também vem daí. Nas cidades devia ser possível voltar a ouvir os passarinhos.
- Pode a música sensibilizar as pessoas para a preservação do ambiente?
- A música sempre foi uma forma de passar valores. O Live Aid foi um bom exemplo. Por isso acredito no Live Earth. É preciso sensibilizar e se há coisa capaz de tocar as pessoas é a música. Os artistas têm esse dom, enquanto os políticos já não conseguem fazer-se ouvir.
- Tem discurso preparado para a sua actuação?
- Vou dizer alguma coisa, mas a música falará por si.
TRÊS MEDIDAS PARA SALVAR O PLANETA
(D. Januário Torgal. É, desde 2001, bispo das Forças Armadas e Segurança)
PRIMEIRA - Se queremos salvar a Terra é imperativo aplicar as decisões do Protocolo de Quioto. Particularmente as restrições da emissão de dióxido de carbono.
SEGUNDA - É preciso que as pessoas se consciencializem da necessidade de uma intervenção profunda na limpeza das matas e florestas para ajudar a prevenir fogos florestais.
TERCEIRA - Defendo uma utilização cada vez mais moderada de água e electricidade. Mas esta moderação deve ser equilibrada, sem chegarmos a extremos ridículos.

in Correio da Manhã 2007.07.01

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