A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, julho 01, 2007




Soldados contra a guerra

* John Catalinotto


Os Marines norte-americanos lançaram em Maio uma nova ofensiva. Desta feita não foi um desembarque na praia de um qualquer país estrangeiro, mas um ataque legislativo contra os seus próprios veteranos da guerra do Iraque.
Em vez de se decidir por uma «menos que honrosa» desmobilização de Adam Kokesh, o júri composto por três oficiais considerou que as regras militares também devem ser aplicadas aos ex-membros da força na reserva e recomendou a sua «exoneração geral», o que rasa o castigo.
O processo surgiu na sequência de um conjunto de iniciativas promovidas em diversas cidades por membros da associação IVAW (Veteranos do Iraque Contra a Guerra, na sigla inglesa), que apresentaram uma recriação do conflito como forma de alertar consciências. Vestidos com uniformes oficiais incompletos, os veteranos mostraram o tipo de actuação a que se encontra sujeita quotidianamente a população do Iraque. Activistas antiguerra desempenhavam o papel de civis iraquianos.
A iniciativa causou grande impacto, porque foi possível ver «marines» a empurrar pessoas pelas ruas, a cobrir a cabeça dos detidos com sacos, aterrorizando-os. Alguém no Pentágono não gostou da representação que deixava claro que os soldados dos EUA no Iraque fazem o mesmo que os oficiais das SS na Polónia ocupada, em 1942. Os oficiais tentaram, assim, impedir os veteranos de exercerem o seu direito à liberdade de expressão (http://www.ivaw.org/).
Casa Branca não admite dissidências
Neste contexto, os Marines interpuseram acusações contra Kokesh e processos semelhantes pendem sobre o sargento Liam Madden e o capitão Cloy Richards, simplesmente por se manifestarem contra a guerra.
As queixas não resultam em pena de prisão, mas apanhar uma desmobilização «menos que honrosa» tem sérias consequências. Desde que Richards está «fora de combate», não recebe os pagamentos enquanto militar incapacitado e pode mesmo vir a perder a assistência médica gratuita a que tem direito nessa condição. Os militares podem ainda ser obrigados a restituir o valor das despesas de educação.
Se os Marines conseguirem impor as «menos que honrosas» desmobilizações, tal pode ser um factor de intimidação dos restantes veteranos. Mas esse tipo de actuação no meio de uma atmosfera antiguerra também pode ter um efeito boomerang entre os militares.
Uma das consequências surpreendentes das queixas apresentadas contra estes soldados foi a organização Veteranos de Guerras Estrangeiras, um grupo que quase sempre apoiou as posições políticas dos governos norte-americanos, declarar-se favorável ao direito dos marines expressarem posições contrárias e até de protestarem. Esta posição é um sinal do desagrado crescente em relação ao Iraque, mesmo que oficialmente a organização defenda a ocupação.
Os veteranos envolvidos agiram mais por cólera do que por intimidação. De 1 a 3 de Junho, deslocaram-se num autocarro coberto com panos contra a guerra, de Washington até Kansas, dando entrevistas pelo caminho. A cada passo despertavam mais atenção para a existência de um grupo coeso de veteranos antiguerra do Iraque. Também sublinharam que os marines que se encontram no activo e no terreno de conflito os apoiam.
Madden, que recebeu uma desmobilização «honrosa» a 20 de Janeiro último, foi um dos promotores do «Apelo pelo Regresso» e é muito conhecido entre os seus camaradas. Iniciado a 23 de Outubro de 2006, o apelo exige uma retirada imediata do Iraque e foi subscrito por mais de dois mil soldados no activo, 60 por cento dos quais cumpriram pelo menos uma comissão naquele país.
O oficial da marinha Jonathan Hutto, que esteve no apelo inicial de Madden e é agora um dos mais destacados dirigentes do «Apelo para o Regresso», instou os soldados no activo e os militares da Guarda Nacional, a 31 de Maio, a constituir comités de defesa a favor de «Madden e de todos os que enfrentam a face da repressão que tenta calar em qualquer parte do mundo a voz dos que se manifestam contra esta guerra injusta».
A declaração sublinha que a conduta «desleal» da qual Madden é acusado está relacionada com o facto de ter afirmado, num debate ocorrido numa universidade, que os EUA cometeram «crimes de guerra» no Iraque.«Madden mantém que nunca poderia ser “desleal” na medida em que esteve no terreno durante sete meses e serviu o seu país durante cinco anos. Acresce que Madden continua a pensar que se o uniforme militar pode ser usado para aventuras imperialistas, certamente também pode ser usado para acções em prol da paz e da justiça», escreveu Hutto.
Para além de divulgar e angariar fundos para o apoio a Madden e a outros veteranos, o objectivo dos comités de defesa é «dinamizar um movimento amplo que exija o fim da guerra e das retaliações contra os militares oposicionistas, e em prol da democracia» ( www.appealforredress.org ).
in Avante 2007.06.14
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