A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, julho 01, 2007



Cópia e branqueamento do nazi-fascismo

* Jorge Messias

Há uma efeméride que importa recordar: a bestial invasão nazi da União Soviética, em 24 de Junho de 1941. E uma manobra que é preciso denunciar: as sórdidas tentativas de branqueamento do passado nazi.
Os nazis, conduzidos pelo seu Reichfuherer Adolf Hitler destruíram a Europa, prenderam, torturaram e assassinaram – na guerra, nos campos de extermínio, nos bombardeamentos de populações civis, pela fome e pela doença, pela forca ou pelos fuzilamentos – mais de 100 milhões de seres humanos. Militarmente derrotados, os nazis deixaram semente nas formas do capitalismo democrático do qual foram e são parte integrante. Por isso, para melhor se entenderem as ânsias de branqueamento e de Nova Cruzada que se desenvolvem no presente é preciso visitar a memória. Uma viagem necessariamente breve.
À partida, os nazis germânicos prometiam ao povo alemão pleno emprego, progresso, vingança da humilhação nacional e esmagamento do comunismo. O poder burguês cumpriu o seu papel histórico e entregou aos nazis o Estado alemão. Depois, numa dezena de anos Hitler conseguiu o milagre germânico. O rearmamento do exército e as implacáveis perseguições aos comunistas trouxeram-lhe os apoios das grandes fortunas. A Igreja viu nele o sonho da criação de um imenso tampão que detivesse os bolcheviques. Parte do povo embriagou-se com as promessas de emprego e de bem-estar e saudou no novo Chefe o condutor dos exércitos que iriam repor a unidade, a honra alemã e vingar as humilhações do Tratado de Versalhes.
A guerra começou com a invasão da Polónia e numa situação de divisão dos outros estados que compunham a Europa. O capitalismo mundial, anticomunista e também ele imperialista consentira, a pretexto do pacifismo, na anexação de vários países da Europa e no «Anchluss» ou absorção da Áustria o que, de uma só penada, duplicara os recursos potenciais da Alemanha nazi.
Destruir com mão de ferro
Desde o início das ocupações dos territórios, os nazis impunham o terror. Acompanhavam as tropas alemãs destacamentos da Gestapo com listas, trazidas de Berlim, onde constavam os nomes das pessoas que deviam ser presas, interrogadas, torturadas e deportadas para o Grande Reich. Os aviões de voo picado estavam equipados com sirenes cuja única finalidade era aterrorizar. A polícia cercava aldeias, enchia os palheiros com mulheres, velhos e crianças e lançava-lhes fogo.
Só na URSS, os «destacamentos especiais» (Einsatzgrupen) das SS e da Wermacht assassinaram mais de 750 000 operários e camponeses, usando métodos que iam do enforcamento ao chicoteamento até à morte com açoites para cães ou ao extermínio em massa nas câmaras de gás. A derrota nazi que libertou a Europa foi paga pela URSS com o assassinato de 20 milhões de cidadãos soviéticos.
A atitude dos nazis face ao Vaticano bem cedo ficou esclarecida. Em 1933 foi publicado o plano de acção nacional-socialista. Nele se pode ler que o partido é por um cristianismo positivo. Hitler era católico e assinou com a Santa Sé uma Concordata que permitia à Igreja gerir os seus próprios negócios. A convenção foi negociada em Berlim por monsenhor Pacelli, o Núncio Apostólico na Alemanha. Poucos meses depois, Pacelli tornou-se papa da igreja com o título de Pio XII. O Mein Kampf foi escrito por um padre católico, Bernhard Stempfl. Os tanques nazis e os Stukas (ou aviões de assalto) ostentavam nas blindagens as mesmas cruzes usadas na Idade Média pelos cruéis Cruzados teutónicos. Consumada a derrota militar, muitos e importantes criminosos nazis escaparam à justiça através de corredores secretos (vidé a Odessa) que funcionavam em rede em mosteiros e conventos católicos. O Vaticano tinha conhecimento dos horrores dos campos da morte mas calou-se. Sabia que o Estado nazi pagava às SS, por cabeça, cada anónimo cidadão arrebanhado nas ruas ou nos campos e depois reduzido à escravidão, ao serviço dos grandes patrões arianos. Sabia do caso dos comboios com centenas de padres polacos que tinham recusado jurar obediência ao ocupante nazi e foram abandonados, junto aos portões de Bergen-Belsen. Todos morreram lentamente, roídos pela fome e pela sede, pelo tifo, minados de piolhos, asfixiados. O Papa, nem mesmo assim falou.
Como se sabe, este capítulo da História não está encerrado. Se olharmos os actuais desenvolvimentos da política mundial poderemos concluir que causas semelhantes podem vir a ter consequências idênticas. Basicamente, as forças que impulsionaram o nacional-socialismo alemão – o grande capital, a propaganda, a mentalidade castrense, a igreja obscurantista – estão vivas e em geral reforçaram-se. Só serão detidas pela resistência dos povos .
É preciso continuar a luta contra o fascismo.
in Avante 2007.06.21
Sobre as SS ver:

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